terça-feira, 8 de outubro de 2013

Férias Forçadas

Olá! Desculpem, sei que o blog anda um pouquinho no abandono... quem me conhece sabe que ando super atarefada por conta da 5ª Mostra de Patchwork de Pouso Alegre, que meu ateliê organiza todos os anos em parceria com a ACAJAL, e que estréia na quarta que vem, dia 16.

Hoje estou abrindo um parêntese para anunciar uma ótima oportunidade para quem se interessa pelo trabalho artesanal com a lã de ovelha - um curso com a mehor professora do país, e em um lugar maravilhoso onde já estive:


Eu visitei o local e conheci as pessoas especiais que o comandam no ano passado, em uma visita que descrevi aqui. Para mim ainda não vai ser dessa vez... quem puder, se joga!

Mas, por mais que o blog esteja parado no momento, depois da mostra eu prometo postagens novas e muitas novidades - incluindo o lançamento oficial do projeto AVE LÃ!, do Núcleo de Artesanato da ACAJAL, do qual sou coordenadora. Aguardem! E enquanto esperam, não deixem de visitar nossa exposição de patchwork:

Até breve!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Eles ainda não aprenderam...

Ando quietinha, né? Tenho tricotado um pouco e fiado alguma coisa, mas devagarzinho: o ateliê de patchwork anda me tomando bastante tempo - o que é bom! Mas aí restringe meu tempo dedicado às pesquisas.

Frio cruel aqui no Sul de Minas, inverno a todo vapor (essa semana o sereno congelou de madrugada no teto dos carros em Monte Verde), mas as lojas já estão liquidando os fios encalhados. Todo ano eu mostro isso, mas parece que os fabricantes ainda não aprenderam... acho que só desenhando!

Então vou explicar de novo:

Fabricantes, vocês ficam lançando, todos os anos, fios sintéticos, cheios de frescura, grandalhões...mas a gente não quer isso; a gente quer coisa boa. Aí encalha tudo, e depois vocês liquidam por preços muitas vezes reduzidos em mais de 50%... uma sacanagem com quem comprou ANTES da liquidação, né? Desculpem o termo, mas não tem outro.

Duvida? Confira no link:

http://www.bazarhorizonte.com.br/croche-%26-trico/*saldao*/&sid=56&cm1=4&cm2=37&utm_source=news-220&utm_medium=newsletter&utm_campaign=saldao-marcas

Agora, alguém me explica o seguinte: por que esse fio aqui nunca vai para o saldão?

Imagem do site Bazar Horizonte

Este é o Cisno Merino - aqui no Brasil o melhor fio dos grandes fabricantes no momento: 50% merino (lã naturalíssima!) e 50% microfibra. Ainda não é o ideal, mas é o que temos de melhor: um fio de boa composição, clássico, básico, que permite fazer trabalhos realmente elaborados, elegantes, com pontos bem trabalhados. O Cisne Merino não vai para o saldão porque existe demanda para ele - é isso que a gente quer, viram, Srs. Fabricantes?

Entenderam, ou querem que desenhe?

Por tudo isso é que, mesmo com pouco tempo, não desisto das pesquisas. Ando descobrindo carneirinhos em mais cidades aqui da região. Notícias em breve!

Inté!

terça-feira, 9 de julho de 2013

Uma fibra... diferente!

Todos sabem que meu foco principal aqui é a lã de ovelha; às vezes também falo de algodão, bambu, mohair, alpaca... bem, hoje a "estrela" é uma fibra completamente diferente: a fibra de bananeira.



Conheci trabalhos feitos com o aproveitamento do tronco da bananeira quando visitei o projeto Gente de Fibra, em Maria da Fé, aqui no Sul de Minas. Escrevi uma postagem sobre essa visita aqui. Hoje volto ao assunto por conta desse curso que acontece no mês que vem:


Eu não vou poder participar, mas lembro que na época da postagem houve gente que mencionou nos comentários a vontade de aprender. Então, o que estão esperando? Aproveitem! E quem for, por favor, tire fotos e conte pra gente depois como foi.

Até a próxima!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Nota 100!

100% carneiro
100% natural
100% feito à mão - fiado em roca de pedal e tricotado em casa.

Toda vez que termino de preparar um fio artesanal, demoro o triplo do tempo para decidir em que receita utilizá-lo; e toda vez chego à mesma conclusão: menos é mais! Acabo escolhendo uma peça muito simples - justamente para valorizar a beleza do fio. Dessa vez não foi diferente:




Fiz um cachecol circular duplo - conhecidos como "Infinity Scarves". Todo em ponto meia e tricô. Simples assim. Mas graças ao fio a peça ficou super macia e deliciosa de usar, quentinha de verdade. Agora há pouco fui atrás de casa fotografá-la e já deu vontade de sair usando, já que a temperatura despencou aqui no Sul de Minas de ontem para hoje.

O fio é um two-ply: dois singles retorcidos juntos; a espessura ficou entre 3 e 4, e essa irregularidade é o charme dos fios artesanais. A fibra original - lã de carneiro das ilhas Falkland - era essa coisa linda:


E escrevi mais sobre ela aqui e aqui.

Por hoje é só. Até a próxima!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Fazendo Mágica com Lã - II

Na última postagem eu mostrei a forma milagrosa como a blocagem salva até mesmo a peça que parece ter saído mais desastrosamente errado. Desde então, algumas pessoas me escreveram com dúvidas, e aqui vão mais algumas informações sobre o assunto - além de outro exemplo dessa mágica.

As principais dúvidas das pessoas que me escreveram foram: 1) a peça de lã bóia quando mergulhada na água e 2) a peça sai da água enooooooorme, totalmente disforme e aparentemente perdida.

Respondendo uma coisa de cada vez:

A peça de lã bóia, sim, quando a mergulhamos na água; a lã possui propriedades que repelem líquido, e por isso dizem que ela é perfeita quando está nevando: um simples gorrinho de lã proteje a cabeça não só do frio como também da umidade. Da mesma forma; pescadores nórdicos enfiam o pé na água de meia e bota, e afirmam que o pé continua quentinho. Isso na Noruega, na Dinamarca, na Irlanda, na Escócia, na Islândia e outros lugares "fresquinhos"... Por isso, ao mergulhar uma peça de lã é preciso ir apertando suavemente, empurrando para dentro da água e deixando que ela absorva o líquido devagar.

E sim... ao retirá-la da água ela vai estar mesmo molenga e enorme! A impressão que se tem é que está tudo perdido... a fibra da lã é super elástica e expande para valer ao absorver a água.

Mas nada de desespero: primeiro é preciso espremer o excesso de água, depois espremer de novo, delicadamente, dentro de uma toalha bem felpuda. O excesso de água será removido e a peça estará pronta para ser arranjada em uma placa de isopor. Isso é chato, viu? Bem chato. Tem de ter paciência e ir moldando a peça nas medidas planejadas. Tem de alisar bem toda a superfície com as mãos, de forma a tornar os pontos homogêneos. No início desse processo a gente acha que não vai conseguir.

A peça abaixo - a que bloquei mais recentemente - foi tricotada tendo em mente uma medida de busto de 42 polegadas. Quando comecei a arranjá-la na placa, após molhar, a medida do busto era de... 46 polegadas! Quatro polegadas a mais - ou seja, cerca de 10 cm de diferença. Mas no final deu tudo certo, e a aparência do tricô melhorou 100%. Acompanhe:

Suéter ainda nas agulhas; a lã não era uma "brastemp" e não prometia grande coisa...

Suéter pronto: superfície irregular, pontos indefinidos, falta de caimento;

Suéter retirado da água: pontos enooooormes, tudo largão... será que tem jeito?

Peça ainda molhada, mas já arranjada cuidadosamente nas medidas desejadas; agora é só esperar que seque.

Suéter blocado: pontos mais definidos, superfície homogênea, belo drapeado e, principalmente: tamanho certinho!

Que alívio, né?

Outra dúvida que me enviaram foi: fiz tudo direito e a peça não blocou. Bem, nesses casos minha única sugestão é: verifique a composição de seu fio. Fios sintéticos não blocam. Algodão também não; uma peça tricotada em algodão pode ser passada a ferro para melhorar a aparência da superfície, mas o tamanho só vai aumentar mais. Só com a lã natural é possível esse milagre.

Abaixo, mais mágica.  Até a próxima!




Receitas e fios:

Suéter Indigo:
   - a receita é Margot, de Linden Down, gratuita;
   - o fio é o Virgin Wool Deluxe da Ice Yarns.

Colete bordô:
   - Badlands, de Sara Gresbach, à venda no Ravelry;
   - o fio é o 100purewool worsted 3 ply.

Colete vermelho:
   - Mondo Cable Vest, de Bonnie Marie Burns, à venda no Ravelry;
   - o fio é o Queensland Collection Super Aussie.

Cachecol verde:
   - My first lace scarf, publicada no livro "Warn Knits,Cool Gifts" de Sally & Caddy Melville;
   - o fio é o maravilho e infelizmente descontinuado Camelino, da Knit One Crochet Two. 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Fazendo mágica com lã

Eu nunca deixo de me espantar com as propriedades da lã. Dá para acreditar que as fotos abaixo mostram a mesma peça tricotada**, ANTES e DEPOIS da blocagem?

 ANTES


DEPOIS

Entre muitas outras características que já citei aqui em inúmeras postagens, a lã tem a capacidade de redistribuição e acomodação das fibras - o que chamamos de resiliência. Se uma peça feita de lã alargar com o uso, por exemplo, ela pode ser molhada e blocada novamente, e voltará ao tamanho original.

Mas o que é blocagem? Blocar é molhar a peça pronta, acomodá-lá em uma superfície plana e deixá-la secar. Só isso. Mas faz milagres, como mostra o exemplo acima.

Vou confessar: quase desmanchei a peça todinha antes de arrematar, pois aparentemente estava tudo errado: ficou curta demais e larga demais para mim; e, graças ao angorá* presente na composição do fio, também estava parecendo algo que meus gatos tivessem usado para dormir em cima. Mas, como a lã já me surpreendeu em muitas outras ocasiões, resolvi ir adiante - arrematar e blocar a peça.

É possível blocar a lã com o vapor do ferro ou borrifando água na peça, mas eu prefiro mergulhá-la logo; uso água com um pouquinho de amaciante, depois espremo bem dentro de uma toalha e então arrumo cuidadosamente em uma placa de isopor, prestando atenção às medidas finais que quero alcançar:


Como o tricô é bem elástico, procurei ganhar medidas no comprimento, e compactei bastante os pontos lateralmente para diminuir a largura da peça. Aí foi só deixar secar e, mais uma vez, a surpresa: ponto para a lã - a peça ficou perfeita!

Em alguns casos, é preciso alfinetar a peça na placa de isopor - principalmente em se tratando de xales trabalhados em pontos rendados. Já mostrei esta peça em outra ocasião, mas vou mostrar de novo:


1.   Peça ainda nas agulhas - não dá para ver o efeito da renda direito;
2.   Xale pronto - molhado, esticado e alfinetado na placa de isopor;
3.   Xale após blocagem - os pontos estão bem abertos, 
a renda aparece bem e a peça tem um belo drapeado!

*Importante: só é possível blocar peças feitas em lã, ou misturas contendo uma boa porcentagem de lã. O fio rosé do xale acima é uma mistura de 50% merino e 50% seda, fiado em casa na roca de pedal; o fio verde uitlizado na peça do alto é o extinto Oxford da Aslan Trends, contendo 60% de lã merino e 40% de fibra de angorá. Não entendo porque a Aslan descontinuou esse fio... é simplesmente o melhor nacional que já usei, e não há nada semelhante no mercado nacional. Ainda ontem recebi e-mail do fabricante divulgando seus lançamentos desse ano - tudo sintéticos! 

** A peça mostrada é uma adaptação da Peasy, de Heidi Kirrmaier; receita à venda no Ravelry. (adaptação porque eu não tinha fio suficiente para as mangas compridas...)

E aí? Vendo essas fotos e aprendendo sobre as qualidades da lã, dá vontade de continuar usando fios acrílicos? Pense nisso!

Até a próxima!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Notícias do Front

Tá frio. Muuuuuuito frio aqui no Sul de Minas! Começou bem cedo esse ano, e aí dá vontade de parar tudo e só mexer com as fibras. Pena que o tempo anda escasso - tanto para escrever no blog quanto para me jogar nas experiências e pesquisas... ah, o tempo, sempre o tempo...!

Mesmo assim, tenho alguma coisa para mostrar, sim. Vamos lá:

Lembram dos dois últimos pacotes com fibras para fiar que mostrei algumas postagens atrás? Esse semana terminei de fiar a Falkland, e o resultado foi muito bom:



Falkland é uma raça nobre de carneiros, e eles vivem nas ilhas de... Falkland! Sim, aquelas que geraram conflitos uns anos atrás entre a Argentina e a Inglaterra. A lã de Falkland é considerada uma das mais "verdes" do mundo - no sentido da sustentabilidade e da produção orgânica. Durante 160 anos foi a principal atividade econômica das ilhas - hoje a pesca está em primeiro lugar, mas os carneirinhos continuam sendo muito importantes.

A lã é muuuuito leve e aerada, e gerou um fio ultra fofinho! Por conta das fibras mais curtas, não foi tão fácil de fiar, mas o preço e o resultado valeram a pena: fiei o single e depois torci dois fios juntos, gerando um cordão duplo; a princípio pareceu meio sem graça, mas depois de lavado...o fio simplesmente floresceu, afofou, ficou gostoso demais! E se comportou muito bem na amostra acima, com boa definição dos pontos. Agora sou a feliz possuidora de 270 metros de fio puro, e ainda não sei o que vou tricotar com ele... ô, responsabilidade! 

Enquanto vou fiando minhas lãs, permaneço de olho no mercado, que anda caidinho mas às vezes tem surpresas muito boas. Em matéria de fios, o ano está fraquíssimo: não tenho um único lançamento nacional, dos grandes fabricantes, que valha a pena mostrar e recomendar aqui; as indústrias continuam ignorando as artesãs de verdade, continuam desprezando a tendência mundial que favorece as fibras naturais; até agora não foi lançado este ano qualquer produto dentro desse padrão; continuamos sendo brindadas com os sintéticos e afrescalhados fios impróprios para trabalhos de qualidade. Curioso é que os fios deste tipo lançados no ano passado estão nos saldões das grandes lojas... o que mostra que não foram bem aceitos. Fabricantes, acordem!!!


Exemplos de fios em liquidação no Bazar Horizonte
Reparem na queda vertiginosa dos preços...

Ainda bem que o mesmo Bazar Horizonte tem também uma seção de "naturais"; são, na maioria, fios importados, um pouco caros, mas ficam como opção para termos algum acesso às fibras puras. O único produto nacional é o da Fazenda Caixa D'Água, que já mostrei em diversas ocasiões aqui no blog.

E a surpresa boa deste ano também veio da Fazenda Caixa D'Água: eles agora estão vendendo fusos de madeira e encorajando as artesãs a fiar sua própria lã!
Eu aprendi a fiar com um fuso semelhante; na época, não encontrei à venda em lugar nenhum do Brasil, e um torneador aqui da cidade fez um para mim, com base em fotografias que achei na internet. E até hoje o utilizo para ensinar outras pessoas - depois fica mais fácil aprender na roca. Para quem não sabe o que é nem de onde veio, esse artigo, da própria Fazenda Caixa D'Água, é bem informativo:

http://caixadagua.com/blog/?p=665

No youtube você também encontra muitos vídeos mostrando como se fia com um fuso. Faça a busca em inglês: "Spindle Spinning". 

Mas se você só aprende se tiver um professor "ao vivo", fique de olho: vem aí o segundo picknit de Pouso Alegre - a data ainda vai ser marcada, mas deve ser em um sábado ainda no mês de maio. Trata-se de um piquenique para tricotar no parque florestal, e nessas ocasiões eu levo também fibras, fusos e até a roca para quem desejar aprender. Leia aqui sobre o primeiro "picknit".

Por hoje é só. Até a próxima!

domingo, 24 de março de 2013

Ele também fiava!

E como fiava... fiava tanto que, nos últimos anos de sua vida, recebia pessoas, concedia entrevistas e fazia tudo o mais enquanto fiava. Sua roda de fiar, na Índia chamada de charka - esteve com ele até o último dia de sua vida.



Estou falando de Ghandi. Ontem assisti ao monólogo sobre ele, com o ator João Signorelli, que se apresentou aqui em Pouso Alegre. Quando entrei no teatro, antes do início do espetáculo, a primeira coisa que vi foi a roca que fazia parte do cenário:


Em um trecho da peça, "Ghandi" explica: quando a Índia era colônia britânica, havia uma lei que determinava que todo o algodão produzido seria enviado para a Inglaterra, transformado em tecido e revendido para os indianos... a preços abusivos. Essa é uma sacanagem que a Inglaterra aprontou muito, e já falei disso em uma postagem que conta sobre o início do patchwork nas colônias americanas (clique aqui para ler).

Para protestar, Ghandi desafiou a lei, começou a fiar seu próprio algodão e exertou os indianos a fiar e tecer suas próprias roupas. Isso foi em 1918, e esse movimento pacífico acabou dando origem à Khadi - a industria indiana de tecidos artesanais que existe até hoje e emprega cerca de 1.6 milhões de mulheres. Graças a ela, Ghandi pôde conectar-se com as pessoas e divulgar sua mensagem de independência industriosa. 

Cá entre nós, por maior que fosse seu desprendimento e vontade de produzir, acho que Ghandi na verdade fiava para unir o útil ao agradável: fiar é meditativo, a gente fica zen, mesmo! Quando começo é difícil parar, e o bem estar mental é muito grande.

O fato é que, graças a ele, a roca tornou-se símbolo de auto-suficiência e hoje está na bandeira da Índia.


Leia mais sobre Ghandi e a independência da Índia na Wikipedia.

Até a próxima!

quarta-feira, 20 de março de 2013

Festa Surpresa!

Acessei o blog hoje, distraída, e dei com o número: 10.000 acessos! Não andava prestando atenção à quantidade de acessos ultimamente e foi uma agradável surpresa!

Agradeço a todos que nesse pouco mais de um ano demonstraram interesse pelo que escrevo, perguntaram, sugeriram, comentaram e, assim, tornaram meu trabalho mais prazeroso!


segunda-feira, 11 de março de 2013

Mais uma opção

Notícia boa a gente tem de espalhar: a demanda está começando a ganhar força no Brasil, e temos mais uma opção de fios naturais, 100% merino, tingidos artesanalmente. Este é o endereço do site/loja virtual da Sandra Baroni:

tricotrico.com/loja/

Ainda não experimentei, mas conheço quem testou e aprovou; o fio está disponível nas espessuras "fingering" (boa para meias!) e "worsted" (mais apropriada para vestuário). As cores são liiiindas, e têm nomes como "creme de cenoura" e "espuma de uva". Sugestivos.


Vou me jogar!

domingo, 3 de março de 2013

Coquetel de Fibras

"Ele voltou... o boêmio voltou novameeeeeente!" Quando eu era menina e ouvia o Nelson Gonçalves cantando isso eu sempre achava o verso assim, meio.... redundante. Voltou novamente? Hoje vejo que isso é possível, sim: um mês atrás eu escrevi uma postagem voltando de férias, mas aquilo foi delírio meu: cá estou eu voltando de férias... novamente. A gente tenta, mas a verdade é que enquanto as crianças não voltam às aulas e o carnaval não passa, não dá para retomar o ritmo de vida normal. Tentei, falhei.

Em minha defesa posso afirmar que tirei férias de escrever no blog, mas não de mexer com as fibras. Como evidência vou mostrar o fio BFL pronto - aquele verde-samambaia que estava fiando na última postagem:

1. Fio pronto no niddy-noddy - pouco mais de 300 metros;
2-3. Retirada do niddy-noddy, a meada ainda apresenta excesso de torção;
4. Após a lavagem, o fio relaxa e a torção normaliza;
5. Nas ilustrações românticas de antigamente havia sempre uma boa alma segurando a 
meada enquanto a tricoteira preparava a bola... eu uso as costas da cadeira, mesmo;
6. Bola de fio pronta para usar!

Como eu havia previsto, o fio ficou muito fofinho e se comportou bem nessa primeira amostra:


O complicado de se fabricar fio artesanalmente é que ele acaba virando nosso bebezinho, e é bem difícil decidir em que peça utilizá-lo! Enquanto aguardo inspiração, vou mostrar outros fios que andei usando. Trata-se de fios industrializados, com diferentes combinações de fibras. Cada combinação tem um resultado - às vezes feliz, outras vezes nem tanto. Nos últimos meses tricotei as seguintes peças testando esses fios:


Fio: Ice Yarns* Viscose Merino 
Combinação de 50% merino (lã natural) e 50% viscose (sintética)
Aprovada porque: A viscose tornou a lã mais fresquinha e apropriada para meia-estação, e deu um drapeado bonito e gostoso à peça. O fio distorce um pouquinho, mas nada que desanime, e o resultado compensa.


Fio: Patons** Serenity 
Combinação de 50% algodão e 50% viscose de bambu
Reprovada porque: Tanto o algodão quanto a viscose de bambu são mais pesados e não têm elasticidade; a peça ficou bonita e gostosa, fresquinha... mas cada vez que olho para ela parece que está maior! No corpo, ela não pára no lugar, quase escorrega ombro abaixo...Além disso, a torção fica desfazendo (não tem a lã para segurar a torção) e a gente sem querer enfia a agulha no meio das fibras - muito chato de trabalhar. 



Fio: Brown Sheep*** Cotton fine 
Combinação de 80% algodão e 20% lã 
A-pro-va-dís-si-ma porque: Apesar do predomínio do algodão, que tem zero elasticidade, a pequena quantidade de lã presente deu "outra mão" ao fio: a peça ficou leve e fresca e não cresce involuntariamente como se tivesse vida própria.  A definição do ponto é excelente, e o fio é muito agradável de trabalhar.



Fio: Ice Yarns Pure Alpaca
100% alpaca
Essa fibra é maravilhosa... mas empregada pura, não é apropriada para qualquer trabalho, não: o fio fica um pouco pesado e a elasticidade também fica comprometida. A peça acima cresceu muito na hora de blocar. E algo me diz que vai crescer mais com o uso...sendo um xale, tudo bem; mas e se se fosse um suéter? Nesse caso, eu certamente ia preferir uma combinação de alpaca com lã. Já escrevi outras postagens sobre a alpaca - para localizar utilize a ferramenta de busca do blog.


Fio: Ice Yarns Woolsilk Tweed
Combinação de 40% rayon (sintético), 30% seda e 30% lã
O fio me pareceu um pouco rústico a princípio... estava guardado aqui em casa há um tempão, mas não tinha simpatizado com ele nas primeiras tentativas de tricotar um amostra. O fato é que ele é rústico, sim, e não se presta a trabalhos muito elaborados, com tranças , pontos em relevo, etc. No final, revelou-se perfeito para essa peça super básica, toda em ponto meia: sua textura mesclada foi valorizada e, para minha surpresa, ele foi ficando mais gostoso à medida em que eu tricotava! 

*Vocês devem ter reparado que vários dos fios acima são da Ice Yarns; não estou fazendo propaganda; é que esses fios, apesar de importados, são bem acessíveis. Andei sondando e a informação que tive é que lá na Turquia, onde fica a empresa, o uso pricipal dos fios é a fabricação de tapetes. O mercado de tricô e crochê não é lá essas coisas, e eles então vendem para o exterior. Tenho comprado muito deles - o atendimento é ótimo, os pacotes chegam rápido e a maioria dos fios é bem legal. Já tive algumas decepções e a paleta de cores não é muito variada; mas, ainda assim, compensam.

**O Patons é Australiano e alguns de seus fios estão à venda no Bazar Horizonte. O fabricante é bom - a combinação de fibras que citei aqui é que não funcionou - pelo menos não para mim.

***O Brown Sheep é super renomado e caro para nosso bolso; o fio que mencionei acima foi comprado em uma promoção do eBay - cinco novelos por um precinho bacana; segundo o vendedor, a produto era de segunda linha mas "está em condições de uso". Não vi nada de segunda linha - o fio estava perfeito. O controle de qualidade lá fora é que é muito rigoroso.

Enquanto isso, aqui no Brasil, é tempo de novos lançamentos para o inverno. E, mais uma vez, as primeiras "novidades" não são nada promissoras:


Como nos anos anteriores: pompons, frufrus, bolotas e alguns basiquinhos repetitivos. Tudo em poliéster, poliamida, acrílico... ou seja: totalmente sintéticos. Na boa: eu penso que...


Então, em homenagem a nossos fabricantes, fiz essa brincadeirinha com aquelas carinhas que andam fazendo sucesso na internet: 


Pensando bem, brincadeirinha uma ova: é sério, viu, senhores fabricantes? Acordem!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Vamos aprender?

Oportunidade maravilhosa - o Sítio Duas Cachoeiras vai oferecer esta vivência no comecinho de fevereiro:


O lugar é lindo, cheio de energia da boa, e as pessoas são especiais! Eu estive lá em maio do ano passado e escrevi uma postagem sobre eles - quem puder, aproveite!

sábado, 19 de janeiro de 2013

Salve 2013: fibra, alface, viola, rock!

Hoje é dia 19 de janeiro de 2013, o mundo não acabou, e chega de férias!

Eu sei, demorei para voltar. E agora não sei por onde começo, pois muita coisa aconteceu, fiz muitas artes (nem todas relacionadas com fibras) e são muitos assuntos para pôr em dia. Então decidi que hoje ou vai ou racha! Essa vai ser uma postagem tipo saladão, tudo misturado, só para começar a esquentar as turbinas. Depois eu vou me acertando, e lembrando de todas as coisas do período em que estive ausente.

Resolvi escrever de qualquer jeito hoje porque a noite vai ser longa. Minha filha está a caminho de um encontro de bandas de rock que acontece hoje aqui na cidade - sua primeira saída noturna para um evento público. Vou ter de ir buscá-la lá pelas tantas, e preciso ficar acordada e entretida - para não ficar fantasiando sobre catástrofes adolescentes, tetos que desabam, copos com conteúdo suspeito, sósias do Ozzy Osbourne, essas neuras. Separei meia dúzia de filmes para assistir, mas parece que isso vai ser pouco, e cá estou eu. A tarde pelo menos passou rápido - das três às seis o tempo voou enquanto eu assistia ao workshow do Zé Nazário* e John Stein Trio no Café Cultura Divina Maria.

Mas, primeiro, vamos ao dever de casa: tirei o pó da roca esses dias e finalmente comecei a fiar uma das lindezas que mostrei em postagem recente. Comecei pelo BFL, raça de carneiros muito popular entre as fiandeiras lá de fora, mas que eu ainda não havia experimentado. Ao separar as mechas para fiar ficou mais clara ainda a impressão que tive - a quantidade muito superior de crimp. Dá para ver bem nas fotos 1 e 2, abaixo:


Isso significa que esse vai ser um fio bem aerado. Optei então pela torção simples: se eu fiar vários singles e tentar torcê-los juntos vou acabar gerando um mega fio, pois depois de lavada essa lã vai encolher e afofar, certo? Aquele efeito "cabelo-de-dia-chuvoso" que já expliquei aqui. Para saber mais, use a ferramenta de busca do blog - pesquise a palavra "crimp".

Estando paradinha por um tempo, minha roca cantou como a viola do Ivan Vilela** que está aqui enchendo o ar, via um CD que pus no notebook. Pausa "para limpar canhão", como dizia meu pai: limpinha e lubrificada (foto 3), aí sim a roda girou bonito e suave, e o resultado dá para ver na foto 4. Esse fio promete: fibra deliciosa de fiar, fácil de desfiar e as cores estão ficando lindas - são ziliões de tons de verde.

Já cumpri o dever de falar de fibras têxteis, então posso agora escrever sobre outro tipo de fibra? Falei em tons de verde acima, e aí deu vontade de mostrar um projetinho que abracei durante as férias: plantar alface. O Jamie Oliver ensina como cultivar baby alfaces em casa, e resolvi tentar. Plantei mudinhas de vários tipos, tudo misturado, e deu super certo:


Mas elas crescem muito, muito rápido - e o espaço não permite isso; ótimo para quem precisa de motivação para comer salada todo dia, pois quando retiramos algumas folhinhas surge espaço para que outras brotem. 


Um mundo perfeito seria assim: salada cultivada em casa, suéter tricotado com lã sustensável, fiada na roca... mas já foi assim um dia, né?

E enquanto estou falando de produção local, aproveito para pincelar um assunto que não tem a ver com fibras, mas tem a ver com esse estilo de vida que advogo: morar em Pouso Alegre causa um efeito psicológico que não estava previsto quando vim para cá: tem por aqui um pessoal incrivelmente talentoso***. Existem muitas feras da música nesse Brasil - os Miltons, Gilbertos, Chicos, Ritas, Joyces... Mas uma coisa é eles lá e eu aqui. Em Pouso Alegre é mais complicado, porque via ACAJAL eu acabei tendo a chance de conhecer grandes talentos de perto. É humilhante, viu? No bom sentido, mas é. Como assim, bom sentido? Simples - você se sente uma pulga perto deles, mas é também um privilégio conhecê-los. Sério, gente: se for mudar para cá, faça umas aulas de canto ou aprenda a tocar nem que seja triângulo. 

Ao longo dessa postagem eu marquei com asteriscos os nomes de Ivan Vivela e Zé Nazário. O primeiro é um violeiro de Itajubá, com vários CDs gravados e autor de muitas canções - inclusive a linda "Paisagens", que eu estava ouvindo agora há pouco. E o segundo, o Zé - não reparem a intimidade, mas ele é meu vizinho, já foi meu professor e sua esposa é uma grande amiga! - é considerado um dos melhores bateristas do mundo, com direito a carreira internacional e participação no programa do Jô Soares. Humilhante. Hu-mi-lhan-te. Pois o Zé hoje se apresentou aqui na cidade com esse trio que aparece no vídeo; na verdade foi uma apresentação-workshop - eles falaram de música, deram dicas, responderam tudo o que a gente perguntou... e tocaram, claro. Enfim, nunca três horas passaram tão depressa. Queria que durasse até de madrugada, para eu esquecer que minha filha está no tal encontro de bandas de rock - oops, lembrei!

'Bora então assitir à pilha de vídeos que separei, para tentar esquecer por um tempo!

Desculpem a salada - na próxima postagem estarei de volta ao normal!

Até lá!


** Zé Nazário na Wikipedia

***Outras feras de Pouso Alegre: 
         Grupo Cantus Quatro, que tem CD produzido pelo Cláudio Nucci;
         Élder Costa, cantor, violonista e compositor que já teve canções gravadas por Milton Nascimento e Ana Carolina;
         Os meninos do Café com Jazz Trio;
         Os irmãos Sandro e Diego Nogueira, que comandam o projeto Contraponto.
     
     Também conheço gente que toca em orquestra, canta na TV, e etc.., mas já chega, né? Humilhante. E nem falei do pessoal envolvido com teatro aqui na cidade.