quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dia de Comemorar!



Hoje o Falando de Fibras está comemorando
cinco mil acessos!




Eu sei que parece pouco - o mundo virtual está cheio de blogs com centenas de milhares de acessos. Mas para mim isso significa muito: eu me interessei por fibras e fiação artesanal; e, na frustração de não ter com quem compartilhar essa minha paixão, resolvi iniciar o blog em dezembro de 2011 - há apenas seis meses. Fico muito feliz por ter encontrado pessoas que lêem o que escrevo e também se interessam pelo assunto. 

Muito obrigada a todos os visitantes!

Abraço da Jane

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Das voltas que o mundo dá

Hoje é o primeiro dia do início de uma nova fase em minha vida - daí o título. Mas esta postagem também poderia se chamar "As voltas que os meus móveis dão". Percebi isso hoje quando quis fotografar algo para mostrar aqui: fui direto para a varanda dos fundos, onde há um banco de madeira... oops! Havia...

O banco veio parar no ateliê. Eu costumava fotografar meus tricôs e etc nele, pois onde ele ficava a luz é boa e as fotos saíam bacanas. Aqui no blog há muitas fotos em que o meu banco aparece. Mas, como tudo na vida é mutável, andei fazendo a dança das cadeiras aqui em casa, e não foi só com as cadeiras: esvaziei parte da sala de TV, e pus lá os móveis da sala principal que ainda estavam em meu ateliê (sim, meu ateliê ocupa a sala principal); o dito ateliê ficou mais amplo, com mais opções de arrumação...exceto por uma área que, na minha opinião, ficou vazia demais. Pensa daqui e dali, chamo minha filha atrás de casa e decido: "me ajuda a carregar esse banco lá para o ateliê!" E aí, banco desbotado + quilt colorido + almofada + tapete da Borda da Mata + baú & livros...surgiu esse cantinho:

Para complementar, minha roca - a estrela! E agora é começar a encerar o banco regularmente para ele ficar menos desbotadinho e ninguém perceber que ele passou anos em uma área externa. Assim surgiu um cantinho onde minhas alunas podem sentar, tomar um chá e folhear um livro. Nesse espaço costumavam ficar as máquinas de costura, que foram parar em outra parede bem mais simpática:

E por falar em livros... eu também precisava de um lugar para a coleção de livros do ateliê. Há tempos eu havia convertido um barzinho em bufê de chá, e esses dias tive um "plim" (= efeito de lâmpada acendendo): virei os fundos do barzinho para a frente e arrumei nele os livros:

O pufe que aparece na foto é velhíssimo, mas ganhou vida nova com a capa de patchwork. Não vou mostrar foto do "antes": ele era muito feio mesmo, acreditem!

Com mais espaço no ateliê aproveitei e ampliei o "departamento de matrículas e design": arrastei para cá uma escrivaninha bem sambada que estava sem uso em casa:

Ela também é bem feiosa... mas vou fazer uma graça nela - me aguardem! (Fazer graça = improvisar com com lixa, cola, tinta e tecidos!)

Outra coisinha em meu ateliê que anda precisando de uma renovada é uma cômoda antiga que comprei em um brechó e que abriga minha coleção de tecidos:

Ela é linda, linda... mas tá caída. É fato. As gavetas precisam de conserto e no tampo há umas manchas estranhas, mais claras, em forma de espiral. Mistério... Mas um dia a ficha caiu: são marcas de antigos repelentes para mosquitos - aqueles que a gente acendia e soltavam uma fumacinha... não vejo aquilo há uns trinta anos ou mais! Caramba, me entreguei agora... melhor mudar de assunto. Falei nisso para vocês imaginarem a idade da cômoda, mas assim vão começar a imaginar a minha idade também!

Em tempo: a máquina em cima da cômoda era de minha avó - a fofíssima e cheirosa Vovó Cotinha. Ela se foi há dezesseis anos, mas é assim que lembramos dela. Em sua homenagem, acabo de batizar o ateliê de "Baú da Cotinha":


Para o meu pai, que faleceu há dois anos, não ficar com ciúme da vovó eu decidi homenageá-lo também, e estou usando o "Rotta" - meu sobrenome de solteira e do qual ele se orgulhava bastante. Uma amiga astróloga disse que "Jane Rotta" tem nove caracteres, e que segundo a numerologia esse é um número ótimo. Não é, Elane?

Depois que a gente começa não pára mais... Antes de eu trazer a escrivaninha para o ateliê eu guardava papelada em um velho criado-mudo - que ficou sobrando e, por acaso, tinha um irmão gêmeo dando sopa em outra parte da casa. Munida de régua, lápis, serrote e cola de madeira, transformei os dois criados-mudos em uma mini cômoda de cinco gavetas:

Agora ela também precisa de uma graça, é claro. Mas essa não vai ficar no ateliê - foi designada para outro cômodo da casa.

Essa reviravolta toda tem como inspiração o Pinterest, um site viciante com imagens sobre várias áreas de interesse - inclusive decoração e um departamento que adoro: o DIY, ou Do It Yourself - "Faça Você Mesmo". Sinceramente, acho bem mais divertido - e sustentável -  reaproveitar do que comprar móveis novos. Tenho pensado muito na arquiteta que acompanhou a construção de minha casa: na época elaboramos a planta de acordo com os móveis que eu tinha e como pretendia distribuí-los. Em uma ocasião ela me disse: "e quando você for trocar os móveis?" Respondi: "quem disse que pretendo trocar meus móveis?". Bem, não troquei nenhum até hoje, mas com certeza alguns mudaram de lugar e/ou função - como o barzinho que hoje é bufê de chá + estante de livros! Mas isso foi há quase dez anos e na época eu nem sonhava que a sala principal da casa ia virar meu ateliê. Nem sonhava que eu ia trabalhar nessa área!

Agora que já fugi bastante do tópico deste blog acho que deu para entender por quê há mais de uma semana não posto nada sobre fibras e fiação, certo? Não tenho tido tempo de fiar! Mas, se vocês repararem, lá em cima na logo do blog há uma foto de uma pilha de tecidos. Eu pretendo falar de patchwork e do algodão também - apenas deixei que o interesse pela lã e pela fiação dominasse por um tempo. E isso me leva ao início desta postagem: comecei falando que fui atrás de casa fotografar algo sobre o banco que não estava mais lá, não foi? O "algo" era isso aqui:
Cortei ontem à noite: são 224 quadrados de 6 polegadas - metade em tecidos florais miúdos, metade em creminhos e branquinhos neutros - o que chamamos de "coringas". São para uma colcha que estou começando. Algum tempo atrás eu critiquei aqui no blog (nessa postagem) o esquema que impera hoje em dia no mundo do patchwork, em que designers lançam coleções lindíssimas e carésimas de tecidos coordenados - e roubam de nós a oportunidade de criar mesmo, fazer combinações próprias, inusitadas, únicas. Fica tudo pausterizado. Como mostrei acima, tenho uma cômoda cheia de tecidos e decidi fazer uma nova colcha sem comprar nada. Separei 28 sobrinhas de florais e cortei quatro quadrados de cada: total = 112, o número que eu precisava. Enfim, estou tentando criar algo único. Espero mostrar o resultado daqui a alguns dias. Por incrível que pareça, o painel com espirais que aparece em uma das fotos acima, na parede de tijolinhos, também foi feito com retalhos: eu queria usar cores outonais; separei o que tinha e usei vários marrons, vários mostardas, vários olivas, vários ferrugens... fiz com o que tinha. A idéia é essa: juntar o que se tem para criar um todo. Infelizmente, hoje vendem a idéia de que é preciso comprar novo, picotar e costurar de novo. Isso pode ser necessário quando se está aprendendo e ainda não se tem sobrinhas; mas aqui no ateliê eu me preocupo em ensinar as alunas a criar e calcular os próprios projetos e misturar muitos tecidinhos. Patchwork não tem de ser feito com tecido arrasadoramente lindo. A gente pode pegar tecidos simples e criar um design arrasadoramente lindo. Isso sim é divertido.

E ontem, enquanto cortava, pensei: e esse algodão todo? De onde vem? Como é produzido, e por quem? Há uma demanda enorme por tecidos de patchwork, mas a gente consome e não sabe a origem. Decidi pesquisar a respeito - esse é um blog sobre fibras, não é? Mas ainda estou pesquisando e esse assunto vai ficar para uma outra postagem.

Para finalizar, fica o conselho: olhe para seus móveis com outros olhos. E compre um serrote.

Abraços e até a próxima!