segunda-feira, 19 de março de 2012

Das dificuldades de se manter um blog...

Há duas semanas não escrevo uma postagem, mas vou garantir: não é por falta de assunto. Tenho três ou quatro postagens prontinhas na cabeça, mas o tempo escasso e outras complicações foram aparecendo...

...tipo esta aqui:


Esta é a Tailee, e hoje de manhã cheguei à conclusão de que ela tem ciúmes do computador. Só pode ser isso.

Mas o motivo real que me manteve afastada do blog durante essas duas semanas foi um serviço extra que peguei: a tradução de um texto...não, nada sobre fibras, tricô ou carneirinhos: era jurídico, mesmo. Foi um servicinho pesado e tedioso que durou vários dias e, depois que entreguei, fiquei por algum tempo sem querer sequer ver o teclado do computador. Meus dedos não obedeciam, mesmo.

Mas aí, como estou em fase de querer tirar lições de tudo, o tal trabalho me provocou muitas reflexões. O texto era quase todo especificações para o fornecimento de equipamento industrial pesado. Peixe grande. E isso me fez pensar na complexidade das engrenagens que movem esse mundo em que vivemos: nós desfrutamos dele, e consumimos o que é oferecido a nós, mas nem de longe sonhamos com a quantidade de pessoas que trabalham para que possamos ter acesso a uma certa facilidade; ou a quantidade de dinheiro que gira em torno disso; ou que talvez um alto executivo da empresa que fabrica os tais equipamentos saia de sua casa toda manhã, rale o dia todo, e esteja infeliz, cheio desse trabalho. Mas ele faz parte de uma engrenagem que não pode parar. É um mundão, e é preciso muita gente para fazê-lo girar.

De minha parte, foi interessante lembrar que já tive emprego em indústria e minha vida era escritório o dia inteiro, contratos, manuais, reuniões... Não faz tanto tempo - onze anos. Mas deixei esse universo e hoje meu mundo é esta cidade bem menor, meu ateliê e a tela deste computador. Nostagia? Eu andava com um pouco, sim, pois é preciso abrir mão de muita coisa ao optar por uma vida como a que levo hoje. Esse serviço veio em boa hora para me ajudar a ver as coisas dentro das devidas proporções. Então, nostagia? Eu, não! Afinal, o dia está lindo; minha porta da frente, ao lado do computador, está escancarada; a Tailee está dormindo na poltrona; e minha roca está aqui do lado, esperando o próximo projeto.

Por falar em roca, estou preparando uma postagem só sobre elas. Enquanto não publico, vou pelo menos mostrar o que andei fiando nos últimos dias (he he he, para evitar lesões repetitivas, eu fiava nos intervalos da digitação...).

Lembram da minha alpaca? Ainda tenho um pouco de fibra, mas a curiosidade foi grande e fiei pelo menos o suficiente para um projetinho pequeno (fiei três vezes uns 180 metros e depois fiz o plying - resultou em um fio 3-ply, portanto). Estou fazendo uma cowl - um tipo de gola circular, bem simples, fácil de usar:


Vocês devem lembrar que algumas postagens atrás eu comparei dois tipos de processo de fiação - o worsted e o woolen; pois bem, empreguei este último na fiação da alpaca. O fio ficou muito leve e fofo, e a gola está ficando bem rústica; mas - creio que ainda seja cedo para eu afirmar isso - eu acho que prefiro o método worsted, que deixa a lã mais compactada e os pontos com uma definição melhor. Tipo assim:


Reconhecem? É a misturinha de merino e seda que mostrei algumas semanas atrás - naquele dia em que tive um ataque de bobeira e me inspirei na música do Michel Teló para escrever! Já fiei todinha, depois dividi em duas bobinas e fiz o plying; ou seja, esse é um fio 2-ply, cuja definição normalmente não é tão boa quanto a do 3-ply; mas, por causa do método utilizado, ficou melhor, sim - apesar de não tão fofinho e aerado. 

A sensação de tricotar uma amostrinha como essa e lembrar que eu mesma fabriquei o fio é incrível. O processo envolve várias etapas, e quando termino e vejo o tricô surgir sinto-me dotada com os poderes de Greiscow (é, assisti He-Man quando era criança):


Fico imaginando então como deve ser participar do processo todo MESMO - desde o carneirinho, o processamento da lã... mas eu chego lá, podem apostar.

O fato é que não tem de ter superpoderes, não: qualquer pessoa pode fazer - a sensação de autosuficiência é que nos faz sentir poderosos. E é isso que pretendemos mostrar aqui na cidade, quando o projeto de artesanato da ACAJAL começar a funcionar. Depois eu explico.

Cenas dos próximos capítulos (eu disse que tenho várias postagens prontas na cabeça, então prometo não ficar ausente por duas semanas novamente!):

- rocas;
- feltragem + ACAJAL;
- inglês (o que isso tem a ver?!);
- vídeos de fiação (já estou fazendo testes para poder publicar algo inteligível...)
- o que vou fiar em seguida? Essa coisa linda aqui - merino + seda na cor Pomegranate ("romã"):


Aff... que mais? Sim claro, vem aí o primeiro picknit (pic-nic + tricô no parque) de Pouso Alegre. Em abril.


Até a próxima!

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